SKIN-FISH: enxerto tecidual (Scaffold) descelularizado de pele de tilápia para reconstruções cirúrgicas
Research and Service do Brazil Ltda.
A medicina regenerativa é uma área de vanguarda que visa modificar ou regenerar células, tecidos ou órgãos para restabelecer a função normal do organismo humano. O uso terapêutico de biomateriais é uma realidade. Enxertos teciduais descelularizados são empregados como contenção mecânica em reconstruções cirúrgicas e, simultaneamente, como indutores ativos do remodelamento tecidual. Enquanto são degradados e absorvidos, os enxertos provocam angiogênese, infiltração de células originárias do tecido lesado, mitogênese e organização de matriz extracelular do próprio paciente. Pelas mãos de cientistas do Ceará, a pele de tilápia surgiu como um biomaterial com potencial terapêutico emergente. Sua semelhança microscópica com a pele humana e sua elevada resistência à tração a credenciam para o uso médico. Estudos pré-clínicos em ratos demonstraram que a pele foi tão ou mais efetiva que as abordagens tradicionais no tratamento de queimaduras, sem provocar alterações nas funções fisiológicas normais dos animais. Estudos clínicos com sujeitos saudáveis revelaram que a pele de tilápia não causa irritações cutâneas e, portanto, é segura para aplicação dérmica. O uso da pele como curativo biológico em pacientes queimados reduziu o número de trocas de curativos, abreviando a dor, o trabalho da equipe e os custos. O tempo de tratamento foi reduzido em 10% nas queimaduras de segundo grau superficial e em 20% nas queimaduras profundas, diminuindo a perda de líquidos e os números de trocas de curativos, anestesias e analgesias utilizadas, reduzindo os custos de tratamento ambulatorial em 50%. Os resultados obtidos definem a pele de tilápia como um insumo viável para a fabricação de enxertos teciduais descelularizados. Esta proposta é inovadora, pois os dispositivos congêneres disponíveis comercialmente são derivados de tecidos de mamíferos. Também é sustentável, uma vez que a utilização produtiva desse insumo minimiza o impacto ambiental da piscicultura, da qual a pele de peixe é um subproduto. Portanto, a pele de tilápia é uma matéria-prima de baixo custo que pode agregar grande valor mediante a sua transformação em enxerto descelularizado. Em 2014, o Brasil importou US$ 4,8 bilhões e exportou US$ 0,8 bilhões em dispositivos médicos, resultando em um déficit da ordem de US$ 4,0 bilhões na balança comercial. Este setor é muito dependente das importações, o que reflete a dificuldade brasileira na produção de bens tecnológicos de alto valor agregado. Essa dependência tende a aumentar, pois o envelhecimento acelerado da população determina um aumento dos gastos gerais com saúde. Assim, o setor de dispositivos médicos oferece grandes oportunidades para substituição de importações. Em parceria com a Universidade Federal do Ceará, a Research and Service do Brazil Ltda. - ME tem o objetivo de finalizar o desenvolvimento, produzir e comercializar o enxerto tecidual descelularizado de pele de tilápia para uso cirúrgico. Com esse objetivo, o insumo será submetido a tratamento químico e enzimático, seguido de embalagem a vácuo e esterilização por irradiação. As peças produzidas serão caracterizadas histológica, microbiológica e toxicologicamente. Esta proposta tem potencial para promover a expansão da empresa e o crescimento econômico do Ceará, em um exemplo bem-sucedido de cooperação entre a academia e a indústria.
Compartilhe:

Outros projetos
EIUR
Rede de múltiplo sensoriamento sem fio com plataforma big data para a agricultura 4.0
Otimização dos processos de fabricação e envase de kombucha